Uberização do Trabalho
Mas o que será que esse
aplicativo significa para o futuro das relações de trabalho no mundo? É sobre
isso que iremos falar agora.
Já passamos por várias mudanças
no mundo do trabalho, desde de teorias de produções que evoluíram até formas
empregatícias diferentes como regimes CLT e terceirizados e hoje podemos
observar um outro tipo de condição de trabalho essa da qual não há vínculo
empregatício entre o empregado e o empregador.
Se nos modelos anteriores nós
conseguíamos distinguir claramente quem é o empregador e quais momentos o
empregado estava prestando serviço para a empresa agora nos dias de hoje fica
um pouco mais complicado de enxergar esses limites.
O exemplo da empresa Uber que dá
origem ao conceito de Uberização é claríssimo. Temos um aplicativo de
computador que faz o meio de campo entre o dono do automóvel e a pessoa que
quer pegar a carona. A empresa dona do aplicativo retira lucro de todas
corridas que o motorista faz e pago pelo cliente, contudo esse motorista não
possui relações de emprego, ou seja, direitos, férias, 13º, seguro desemprego,
carteira assinada com a emprega do aplicativo. Isso significa que a empresa não
é dona de nenhum dos meios de produção que são utilizados nessa prestação de
serviço, o carro e o motorista. A única coisa mais importante que ela possui é
o controle do aplicativo.
Este é um fenômeno de
descentralização absoluta internacional do trabalho, se antes quem controlava o
ritmo da produção seria a demanda de uma certa região, o supervisor e o gerente
da fábrica, agora com os aplicativos do modelo Uber o controle é realizado por algoritmos
que não são pessoas e não estão localizados no país do motorista. Não há
jornada de trabalho combinada, não há valores pré-estabelecidos, não há segurança
na realização do trabalho, o motorista não está emprega e sim só está prestando
um serviço casual.
O conceito leva o nome desse
aplicativo apenas por ele ter se tornado famoso e quase hegemônico nos grandes
centros urbanos. Mas essa é uma nova realidade de relação de emprego, trabalho
e capital que poderá se tornar dominante nos próximos anos. Parece que estamos
vendo uma realidade de trabalho sem emprego pois há uma atividade sendo
realizada por um ser social contudo não há um vínculo de emprego que o assegure
nessa condição.
Esse é um futuro mais próximo
do que imaginávamos. As máquinas não tomaram nossos lugares, nós as utilizamos
para fazer dos seres sociais mais limitados e menores.
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